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Representatividade: a relação entre a comunidade LGBT e a mídia

Por Maria Júlia Spengler, Renata Westphal e Isabella Kucher

 

Uma pesquisa feita pela agência de publicidade J. Walter Thompson, ouviu 500 pessoas a cima de 18 anos das classes A, B por meio de um questionário on-line e revelou que os norte-americanos aceitam com maior naturalidade casais homossexuais em propagandas. No Brasil, a mesma pesquisa denunciou que 80% dos brasileiros são, teoricamente, liberais porém, quando apresentados a um material publicitário com a representatividade homoafetiva  a porcentagem de aceitação cai para 66%. E ainda revela que 48% dos brasileiros não compreendem a necessidade de haver propagandas que representem o público LGBT.

Mesmo com pouca aprovação dos

brasileiros, gays, transexuais,

bissexuais, travestis, transgêneros e

lésbicas  vem ganhando, aos poucos,

mais espaço na mídia. Só no último

ano aconteceram beijos gays em

novelas, a propaganda do boticário

em horário nobre da Globo e  marcas

famosas, como Adidas, Banco do

Brasil, GOL, Sonho de Valsa, Coca Cola,

Magnum, L’oreal, Mc Donald’s... 

também abraçaram a causa LGBT e

apresentaram ao público propagandas

com casais homoafetivos, transexuais

e dragqueens.

O publicitário Arthur Weber, explica que é necessário abordar a representatividade homoafetiva na publicidade para, principalmente, quebrar tabus “Mostrar casais homoafetivos em propagandas é apenas retratar o que acontece na sociedade, no dia a dia. Não existe nenhum mal em representar o amor entre pessoas do mesmo sexo” mas, Arthur explica que na região do Vale do Itajaí ainda existe uma barreira para ser quebrada “Dentro da agência as vezes temos vontade de oferecer ao cliente uma proposta que envolva o tema, mas nós sabemos que a aceitação das empresas ainda são difíceis já que, a maioria, são empresas antigas, familiares e ainda, conservadoras.”

 

 

Ao serem questionados sobre o assunto, integrantes da comunidade LGBT dividem opiniões em relação à representatividade na mídia. Felipe Fanton é gay e drag e  admite achar interessante e necessário a mídia abordar o tema LGBT, mas que por vezes existe um exagero desnecessário para representar homossexuais, por exemplo “A novela  até apresenta o beijo gay, mas às vezes isso influência no aumento do preconceito da sociedade, o personagem do Félix ( Amor á vida- Globo 2014) por exemplo, não me representa. O gay é retratado de uma forma ‘vulgar e escandalosa’. Sem contar que na maioria das vezes um hétero é quem representa um homossexual, sendo que há sim, vários atores homossexuais talentosos no mundo teatral ”.

 

Por outro lado, Sthefany Alves é transexual e afirma que mesmo aparecendo muito pouco na mídia, sente-se representada em propagandas como a da L’oreal, lançada esse ano em uma campanha para o dia da mulher.

A discussão sobre, principalmente, gays na mídia ganhou ainda mais força quando, no dia dos namorados do ano passado, O Boticário lançou a propaganda que apresentava dois casais homo afetivos. Houve várias manifestações e tentativas de boicotes à marca  em contrapartida, teve quem aprovou e defendeu o posicionamento e a “ousadia” da empresa.

Pouca gente sabe, mas além de quebrar tabus e dar um exemplo de respeito às diferenças, as marcas que se posicionam despidas de preconceitos atingem um público que gasta 30% mais que a maioria: segundo uma pesquisa da InSearch, 80% dos gays possuem cartão de crédito e gastam até três vezes mais em bens de consumo do que heterossexuais.

Além de atingir um público bem específico e que possibilita um maior retorno financeiro para as empresas, as marcas que se apresentam a favor da causa LGBT, até ganham algumas antipatias, mas com certeza conquistam muito prestígio por quem tem respeito com gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros e dragqueens.

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